O Torturado ou o Torturador? O dilema da igreja brasileira! – Por pastor Zé Barbosa Junior

  • 08/04/2023
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O Torturado ou o Torturador? O dilema da igreja brasileira! – Por pastor Zé Barbosa Junior

"Não hesito em dizer: fosse em nossos dias, a morte de Cristo seria Top Trending em todas as redes sociais e, principalmente, festejada nos grupos de WhatsApp da maioria de nossas igrejas"

Sexta-feira da paixão. Dia em que a cristandade do mundo inteiro recorda do sofrimento do Cristo, preso, torturado e morto por um sistema perverso de aliança entre o poder imperialista e a religião fundamentalista. Dia, segundo a tradição católica, de penitências e dores. Dia de se cantar “Sim, eu amo a mensagem da cruz” nas igrejas evangélicas. Vias sacras por todo o país e peças teatrais em diversas congregações têm um único tema: a morte de Jesus.

A teologização da morte do Nazareno (“Jesus morreu para nos salvar”) acaba apagando da história e da memória fatos importantíssimos que hoje faço questão de rememorar nesta coluna: a morte do Cristo foi uma morte violenta, sangrenta, cruel, articulada entre líderes religiosos e políticos inescrupulosos que viviam da exploração do mais pobre, das mulheres e impunham sobre a sociedade o medo e a culpa, tanto por parte do Estado quanto da Religião. Sistemas assim costumam ser violentos com quem destoa do “combinado”.

Jesus era, para aquele projeto de poder, um bandido. E “bandido bom é bandido morto”, já pensava a trupe político-religiosa daquele tempo, alimentada por uma população sedenta do espetáculo sanguinário, que gritava incessante “Crucifica! Crucifica!”. Os mesmos gritos que ouvimos hoje em dia quando celebram o “CPF cancelado” de um assaltante: “Mata! Mata!” com direito a vídeos de celebração que viralizam nas redes sociais.

Estranhamente a “terra plana capota”, e é justamente o povo que se diz cristão o povo que mais celebra a violência, a barbárie e o justiçamento em nossos dias. Não hesito em dizer: fosse em nossos dias, a morte de Cristo seria Top Trending em todas as redes sociais e, principalmente, festejada nos grupos de WhatsApp da maioria de nossas igrejas. Os cristãos brasileiros (pra ficarmos só aqui, entre nós) são, em essência, violentos e vingativos, pois é assim que enxergam sua divindade. O “Deus amor” só ama os seus. O restante Ele punirá, “para a sua Glória”, numa câmara de tortura eterna chamada Inferno.

Entendem agora a simpatia da igreja brasileira por um político que exalta torturadores? Ele é reflexo do seu deus (com minúsculas necessárias aqui): cuida bem dos seus, faz favores políticos (espirituais) aos seus e aos diferentes, ele fuzila (“vamos fuzilar a petralhada” é a mesma coisa de “vamos fazer arder no inferno os comunistas”), exclui (“as minorias têm que se curvar às maiorias) e faz valer a sua vontade (“o país é laico, mas eu sou terrivelmente cristão”).

A igreja brasileira certamente (aposto todas as minhas fichas nisso) soltaria Barrabás e crucificaria Jesus, com um adicional: fariam isso vestindo verde e amarelo e fazendo sinal de cruz com as mãos nas ruas das diversas Jerusaléns de nosso país. É um povo treinado para o mal, para o revanchismo, e que faz isso, repito, impulsionado por um deus tão revanchista e vingativo quanto eles. São exatamente o que pensam do seu deus. Ou o seu deus é exatamente o reflexo do que pensam, desejam e sonham: o extermínio cruel dos “diferentes”.

É mais que urgente, para o bem da nação, que o Brasil seja “desevangelizado”. Talvez seja a única chance de que a mensagem de Jesus Cristo chegue à vida e coração das pessoas. O cristianismo brasileiro é doente e adoecedor. É preciso que se arrependam, desde a imposição da fé aos indígenas, a opressão e demonização dos negros e suas religiosidades, a violência contra LGBTQIA+, a submissão imposta às mulheres e seus discursos de ódio e culpa. É preciso pedir perdão pelos séculos de mensagens de ódio, racismo religioso, fundamentalismo barato, coisificação das pessoas “diferentes” e tantos outros absurdos perpetrados e alimentados pela igreja brasileira (com algumas exceções e resistências internas em todos esses anos).

Assim, e SOMENTE ASSIM, poderemos, no domingo, celebrar a RESSURREIÇÃO e a VIDA de Jesus, o Cristo!

Aleluia!

Fonte: https://revistaforum.com.br/opiniao/2023/4/7/torturado-ou-torturador-dilema-da-igreja-brasileira-por-pastor-ze-barbosa-junior-133966.html


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