"Predestinação segundo a Bíblia: equilibrando a soberania divina e a responsabilidade humana"
- 28/04/2023
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A doutrina da predestinação tem sido objeto de debate e controvérsia ao longo da história da Igreja. Enquanto algumas tradições cristãs acreditam que a predestinação é absoluta e incondicional, outras afirmam que ela é baseada na presciência divina e na escolha humana. Neste artigo, exploraremos o conceito de predestinação segundo a Bíblia, suas implicações teológicas e como ela se relaciona com outras doutrinas cristãs.
De acordo com a Bíblia, a predestinação é uma doutrina teológica que afirma que Deus escolheu antes da fundação do mundo aqueles que seriam salvos e predestinou-os para a salvação em Cristo Jesus. Em Romanos 8:29-30, lemos: "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou."
Essa predestinação não é baseada em qualquer mérito ou escolha do indivíduo, mas é um ato de pura graça divina. Aqueles que são predestinados são chamados por Deus para crerem em Jesus Cristo e recebem a salvação pela fé. No entanto, a Bíblia também enfatiza que Deus não deseja que ninguém pereça, mas que todos se arrependam e sejam salvos (2 Pedro 3:9), e que aqueles que rejeitam a oferta da salvação são responsáveis por sua própria condenação (João 3:18).
Alguns cristãos afirmam que a predestinação é absoluta e incondicional, ou seja, que Deus escolheu alguns indivíduos para a salvação e outros para a condenação, independentemente de qualquer escolha ou mérito humano. Essa interpretação é comumente associada ao calvinismo. Outras interpretações, como a do arminianismo, afirmam que a predestinação é baseada na presciência de Deus, ou seja, que Deus previu quem escolheria livremente crer em Jesus e, portanto, os predestinou para a salvação.
Independentemente da interpretação, é importante lembrar que a doutrina da predestinação deve ser compreendida em equilíbrio com outros ensinamentos bíblicos, como a responsabilidade humana, a livre vontade, a justiça divina e o amor e graça de Deus. A Bíblia ensina que a salvação é oferecida a todos e que Deus deseja que todos sejam salvos (1 Timóteo 2:4), e que a escolha de crer ou não em Jesus é uma responsabilidade pessoal que não pode ser transferida para Deus ou para qualquer outra pessoa.
Além disso, a doutrina da predestinação não deve ser usada para negar a importância da evangelização e do testemunho cristão. Embora a salvação seja um ato de Deus, a Bíblia também enfatiza a importância do testemunho e da proclamação do evangelho para a salvação das pessoas. Em Romanos 10:14-15, Paulo escreve: "Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!"
Portanto, a doutrina da predestinação não deve levar à complacência ou à indiferença em relação à evangelização, mas sim à humildade e gratidão pelo amor e graça de Deus que nos escolheu para a salvação. A predestinação deve ser vista como uma expressão da soberania de Deus e do seu amor incondicional por nós, e não como uma doutrina que nega a importância da nossa escolha e responsabilidade pessoal.
Em resumo, a doutrina da predestinação é um tema importante na teologia cristã e tem sido objeto de debate e controvérsia ao longo da história. A Bíblia ensina que a predestinação é um ato de pura graça divina, mas também enfatiza a responsabilidade humana e a importância do testemunho cristão na proclamação do evangelho. A predestinação deve ser compreendida em equilíbrio com outros ensinamentos bíblicos e vista como uma expressão da soberania e do amor de Deus por nós.